segunda-feira, 27 de março de 2006

Verdadeira descarga de adrenalina



O Hard Club, em Gaia, era o local de encontro, aquando da abertura das portas, o cenário já estava montado. Um grupo de metaleiros mal cheirosos, vestidos de negro, tatuagens mal feitas, cicatrizes, penteados exóticos, barbas excêntricas, aroma a substâncias ilícitas. E eu, ali, a sentir-me pequeno por não ter rastas na cabeça nem ter o corpo perfurado por peças de metal. Ali estava eu, desajustado, embora o grande, o mestre, o Max Cavalera tivesse um casaco igual ao meu, embora mais feio. Eu tinha também os olhos negros, mas isso deve-se ao facto de não ter lavado a cara, desde a noite anterior, eram vestígios da peça de teatro da noite de sábado...

Fazia tempo que não estava num ambiente tão rebelde e desajustado, e isso sabe tão bem...

Nada melhor de um concerto de puro heavy-metal, a banda do lendário Max Cavalera para encerrar um fim de semana carregado de emoções fortes. Aliviar a tensão, gritar palavras de ordem, saltar, libertar o corpo, durante uma hora de tempo, esquecer tudo por completo, para depois regressar à normalidade.

A banda de abertura foram os Linea 77, uns gajos italianos que jorraram um som agressivo que serviu para aquecer a sala, que transbordava de gente. Passado algum tempo, era chegada a hora, entra em palco o Max Cavalera e o resto da banda. O Max veste uma camisola do Futebol Clube do Porto, gesto que me fez esboçar um sorriso rasgado, após uma breve introdução, o concerto começa com a Prophecy, que levou a sala ao rubro. As músicas Refuse Resist e a Roots deram um cheiro a Sepultura e deixaram a sala aos pulos, com toda a gente a cantar em plenos pulmões os refrões fortes. Um interlúdio, um momento de calma, com toda a gente a cantar em uníssono:

Zumbi é o senhor das guerras
Zumbi é o senhor das demandas
Quando zumbi chega
É zumbi quem manda

Tocaram a The Song Remains Insane, a Arise Again, Back To The Primitive, Eye For An Eye, Tribe, e mais algumas que já não me lembro.

No fim de tudo, os corpos suados foram brindados com uma chuva miúda, ritmada e fria, refrescante, uma paisagem bela e gratificante, o rio Douro, a reflectir todas aquelas luzes, um barco que passava ao longe, acordando as águas escuras. Uma calma profunda tomava conta de mim, sentia-me como novo. Feliz e realizado. O final perfeito, para um fim de semana perfeito...