terça-feira, 27 de março de 2007

Livro de cabeceira: O Mistério da Estrada de Sintra



Eça de Queirós e Ramalho Ortigão, dois malandros, decidiram então um belo dia assustar Lisboa, com a história recambulesca de um assassinato ocorrido na estrada de Sintra. Tinham como única inspiração a força da imaginação, começaram a escrever. Combinavam, vagamente, na véspera o desenrolar da história e enviavam o original, em forma de carta anónima, para o director do "Diário de Notícias", que a publicava diariamente.
Este romance/policial foi publicado, sobre a forma de cartas anónimas, no Diário de Notícias, entre 24 de Julho e 27 de Setembro de 1870.
O meu amiguinho



Cá está, a única pessoa que me entende por completo, que me ouve, que me apoia. É um bom ouvinte e estou sériamente a pensar de o deixarei dormir comigo. Para já apenas me acompanha, enquanto assisto aos episódios do Smallville, e quando me encontro na cama, a folhear um livro.

segunda-feira, 26 de março de 2007

Finalmente, as fotos do Carnaval



Wednesday, a miuda sádica e um tanto quanto soturna, ela (Eliana) adora brincar com seu desmiolado irmão Pugsley, como não havia nenhum Pugsley na festa, fui eu a infeliz vitima, submetendo-me a vários tipos de tortura... e até gostei!



Ser ornamentado por um belo bigode, delicadamente cortado com uma lâmina prateada, aparado com uma pinça de ouro e por fim, elegantemente penteado com um belo pente de marfim. Esta versão é muito mais romântica que a original, que apenas envolveu um pouco de sabão e uma lâmina de barbear da Bic, descartável, que provoca profundos cortes na região do queixo, que me obrigou a colar pequenos pedaços de papel higénico nas feridas, que saram logo que se coloca um after shave barato, banhado em álcool, que me fez soltar gritos de dor.

Empresário da noite, negociante de carnes, chulo... é assim que popularmente sou é tratado. Sendo eu este espécime raro da raça cigana que gere, a partir da sua barraca um vasto negócio de tráfico de mulheres, prostituição e proxenetismo. É dotado de uma personalidade obscena, agressiva, rude e imoral, caracteristicas essas que o dotam de um charme irresistível.



O Mago transformador de palavras em trovas do vento frio que passava, vindo das margens do rio Douro. O Mago Trovador lançando feitiços ás meninas incautas. O feitiço durou até o início da fase seguinte: o raiar do dia, o findar da magia do Mago Trovador, que impávidamente observava a Árvore de Natal a ser abarcada pelo bafo quente do Vampiro Social. Esta Árvore de Natal, de origem pagã foi indissociável da festa de Carnaval. Distribuindo presentes á medida que dançava, naquela orgia de maus hábitos, que era o Maus Hábitos. Prendas e prendas, árvores e árvores iluminando a noite, sorriso nos lábios, copo na mão, lábios no copo e mãos na cabeça e sorrisos na árvore. Ela bem podia ser de todas as cores, tamanhos e feitios, mas não, ela apresentava-se de branco, como se estivesse banhada pela neve numa manhã de Inverno, fresca e fofa. Mas neve nem vê-la, apenas uma chuva tímida humedecia os corpos cansados.



A Menina do Mar alimentou o sonho de quem lá estava, no mundo imaginário, vivido na sala daquele edifício antigo, numa qualquer rua tripeira, recorrendo ao universo marinho, repleto de mitologia no cimo daquele enorme escadario sombrio. Pela janela o rio devolvia as luzes, da parte de dentro um Dominó conversava com um Chulo. Uma Árvore de Natal confraternizava com um Mago. Um ser verde falava com um Vampiro Social. A Menina do Mar era pintada por uma Wednesday mal disposta e carrancuda, aliás, como é seu apanágio. Um ser transformista, de feições grotescas, ornamentado por uma peruca negra assombrava o local.

Ali, a Menina do Mar não conseguia separar a mitologia da imaginação, a relação do homem com a natureza, e a relação dessa mesma natureza com o homem, que já se sua natureza habita a imaginação, pelo menos a minha.

Ela não estava ali para contar a história do rapaz que vive na casa da praia de areia branca e fina, que vem um dia a conhecer uma menina do tamanho da sua mão, com cabelo feito de algas, que vive nas profundezas do oceano na companhia de um polvo, um caranguejo e um singelo peixe. Não! Nada disso. Ela estava lá para o regabofe, para rasgar a noite, para se libertar. Que a Sophia de Mello Breyner Andresen me perdoe, prefiro a versão daquela noite de Carnaval, embora a sua tenha um final bem mais feliz do que a nossa.

A versão original termina deste modo:

«-Agora nunca mais no separamos – disse o rapaz.
-Agora vais ser forte como um polvo.
-Agora vais ser sábio como um caranguejo – disse o caranguejo.
-Agora vais ser feliz como um peixe – disse o peixe.
-Agora a tua terra é o mar – disse a Menina do Mar.
E foram os cinco através de florestas, areais e grutas.»


A nossa acabou assim:

«-Eliana, podes levar o carro? – disse o Mago.
- Não, levo eu que estou como o aço. – disse o Cigano.
- Eu posso levar, não me importo. – disse a Wednesday.
- Apetece-me uma sandes de atum. – disse o Cigano.
- Eu estou bem, rsss, rsss, ronk ronk. – disse o Mago.
E foram os quatro, três a roncar e um a conduzir, um Mago a ressonar, uma Árvore de Natal com os olhos entreabertos, um Cigano a fingir que estava acordado e uma Wednesday já vesga pelo pesar do sono a conduzir, num regresso a casa, secretamente desejado.»




O ser verde, uma Árvore? Uma rocha musguenta? Um arbusto? Um duende habitando na raiz de uma árvore? Sinceramente não sei bem dizer qual o disfarce deste ser hospitaleiro que nos recebeu em sua casa. Tudo o que sei é que era verde, verde e castanha como se fosse um ramo, um enxerto podado pelas mãos calejadas de um modesto lavrador. Talvez fosse uma árvore, cujos frutos, de variedade soberba, se tornavam desejados? Seria ela um fantasma? A maçã é também verde! Ou até mesmo o passarinho verde que nos encanta? Verde, como vinho que nos sobe á cabeça, uma mistura de aroma e leveza? Verde como o Cesário, autor de uma poesia de finos retoques, que retratou de tão bela forma a cidade e os campos? Campos verdes? Verde como o Cabo, ilha que nos revela o esplendor, a sua beleza e magia africana?

Alguém me poderá dizer de que raio foi ela disfarçada!

sexta-feira, 23 de março de 2007

Noite de desilusão no Famafest



A noite no Festival Internacional de Cinema de Vila Nova de Famalicão prometia, com três filmes a concurso. A sessão sofreu uma hora de atraso, pois o júri encontrava-se a jantar. Quando este se dignou a aparecer ninguém da organização teve o bom senso de avisar o público, ora bem, por público entenda-se: Eu, o Ricardo e o Pedro!

Fechado, de Albert Radl



Fechado, é o nome de uma curta alemã, produzida por Albert Radl, com a duração de três minutos, metade dos quais não pude ver, pois se esqueceram de avisar o público atempadamente. Animação muito engraçada que me fez soltar algumas gargalhadas.

Rilke e Rodin, Um Reencontro, de Bernard Malaterre



Filme francês passado em 1902, onde Rodin, um reconhecido artista plástico, e Rilke, um poeta em formação se conhecem. Esta obra é falada num francês manhoso e passou sem legendas, excepto quando os actores falavam alemão, nessa altura passavam legendas, em francês. Muito chato, o que me levou a dormir um bom sono, e segundo consta, ressonei bastante alto.

Eles Preservaram Tudo O Que Lhes Era Querido, de Galina Evtushenko



Um documentário russo onde se retrata a vida do casal Nikolai Erdman e Angelina Steoanova, ele era um famoso dramaturgo russo e ela uma promissora actriz russa. As imagens do filme devido á sua antiguidade não eram muito famosas, juntando a isso umas legendas em inglês que se mesclavam na tela. Resultado: ou se via o filme ou as legendas. A história era chata e dirigida ao público russo...

quarta-feira, 21 de março de 2007

O Salazar é que a sabia toda!



Recebi por e-mail estas pérolas salazaristas:

Frases retiradas de revistas femininas das décadas de 50 e 60:

Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas.(Jornal das Moças, 1957)

Se desconfiar da infidelidade do marido, a esposa deve redobrar seu carinho e provas de afecto.(Revista Cláudia, 1962)

A desarrumação numa casa de banho desperta no marido a vontade de ir tomarbanho fora de casa.(Jornal das Moças, 1965)

A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas. Nada de incomodá-lo com serviços domésticos.(Jornal das Moças, 1959)

Se o seu marido fuma, não arranje zanga pelo simples facto de cair cinzanos tapetes. Tenha cinzeiros espalhados por toda casa.(Jornal das Moças, 1957)

A mulher deve estar ciente que dificilmente um homem pode perdoar a umamulher que não tenha resistido a experiências pré-nupciais, mostrando queera perfeita e única, exactamente como ele a idealizara.(Revista Cláudia, 1962)

Mesmo que um homem consiga divertir-se com sua namorada ou noiva, naverdade ele não irá gostar de ver que ela cedeu.(Revista Querida, 1954)

O noivado longo é um perigo.(Revista Querida, 1953)

É fundamental manter sempre a aparência impecável diante do marido.(Jornal das Moças, 1957)

E para finalizar, a mais de todas:O LUGAR DA MULHER É NO LAR. O TRABALHO FORA DE CASA MASCULINIZA. (Revista Querida, 1955)
E porque hoje é o dia mundial da poesia...



Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

Eugénio de Andrade in "Os amantes sem dinheiro" (1950)
Livro de cabeceira: Xala



Obra do senegalês Sembene Ousmane que retrata os abastados, os novos-ricos e a burguesia da sociedade senegalesa. A palavra Xala significa quebra da potência sexual por feitiço, servindo esta maleita para nos mostrar uma sociedade pulvilhada por lutas de classes, de culturas e de religiões durante a década de setenta. A era colonial perturba a classe política... Estou a começar a ler e a absorver.

segunda-feira, 19 de março de 2007

Tomar um café na Foz



Com o rio Douro no horizonte, o sol a bater na cara e uma chávena de café...

O som pedras, calcadas no caminho
Olhando as pontes sobre a água
A vista dos barcos na outra margem
Sentado ao sol, saboreando um café
Entrego-me ao vai e vem das ondas
Acordando, abrindo um olho, olhando-te
Faço uma escolha que não é minha
Torço o nariz e fecho os olhos
Em silêncio contemplo as gaivotas
Na água brilhante, ofuscadas pelo sol
Observo a maré, navego disperso
Sinto a maresia, o cheiro salgado
A primavera na minha frente
As folhas voam, pairam no ar
Olho o relógio, já são horas
Vais-te embora
Desperto na realidade, deixo a fantasia
Acordo do sonho, escorrego no sono acordado
Digo um adeus, e outro
Aceno enquanto te vais
E lá foste...
Noite de teatro no Famafest



Perdi a cerimónia de abertura do Famafest, mas cheguei mesmo a tempo de ver a Simone de Oliveira e o Vítor de Sousa a protagonizar a peça de teatro "Conversas de camarim".

Estes dois actores, acompanhados do pianista Nuno Feist , passaram em revista histórias de bastidores, situações cómicas e dramáticas, vidas atrás dos palcos. Essas histórias iam sendo ilustradas por poemas, ditos pelo Vitor de Sousa e cantados pela grande Simone de Oliveira.

Um bom espectáculo para uma grande noite, onde não faltou um dedo de conversa com o grandioso mestre do cinema português, Lauro António.

sexta-feira, 16 de março de 2007

Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Famalicão



Neste fim de semana já sabem onde me encontrar! Onde estiver o Lauro António... serei a sua sombra.

quinta-feira, 15 de março de 2007

Esta é a música que tem vindo a habitar a minha mente, importunando o meu estado de espirito, penetrando no último reduto do meu desassossego, aproveitando-se do meu estado de fraqueza...

Sia - Breathe Me



Help, I have done it again
I have been here many times before
Hurt myself again today
And, the worst part is there's no-one else to blame

Be my friend
Hold me, wrap me up
Unfold me
I am small
and needy
Warm me up
And breathe me

Ouch I have lost myself again
Lost myself and I am nowhere else to be found,
Yeah I think that I might break
Lost myself again and I feel unsafe

Be my friend
Hold me, wrap me up
Unfold me
I am small
and needy
Warm me up
And breathe me

Be my friend
Hold me, wrap me up
Unfold me
I am small
and needy
Warm me up
And breathe me
Livro de cabeceira



História de um idiota contada por ele mesmo ou: O Conteúdo da Felicidade, foi esta uma das prendas que me foram oferecidas pela Mogambilia por altura do meu aniversário, da autoria do espanhol Félix de Azúa.

Alguns historiadores qualificam o século XIX de século idiota. Isto é um erro. Século Estúpido, sem dúvida; século bobo, talvez. A categoria de deve, porém, reservar-se para o século XX. O protagonista desta novela é um idiota do século XX.

A idiotice como modo de atingir a felicidade, uma filosofia que tenho vindo a seguir, daí a minha satisfação em ler esta obra, com a qual me identifico, na qual me revejo um pouco.

Sim, sou idiota...

sexta-feira, 9 de março de 2007

Cinema fantástico em casa



Como não me foi possível ir ao Fantasporto, ele vem a mim, ficando eu limitado a um viciante ecrã repleto de filmes que estiveram a concurso.

O primeiro da lista foi o Silent Hill, um dos melhores filmes de terror dos últimos tempos. Ver este filme revelou-se uma agradável surpresa, cativante e de importância de relevo, talvez por ter a Radha Mitchell, uma actriz que tenho vindo a seguir, talvez por ser uma lufada de ar fresco no género de filmes de terror. A história está envolta em mistério, e dado que se trata adaptação de um videojogo eleva a fasquia, superando mesmo o Resident Evil.

Uma surpresa agradável. Bastante interessante. Dos melhores deste ano na área do terror.



Escusado será dizer que tive de sacar o filme da net, pois a sua chegada a Portugal, como de costume, levou um ano. Depois queixam-se da pirataria, quando os piratas são eles próprios...

sexta-feira, 2 de março de 2007

Livro de cabeceira



Esta obra divide-se em oito contos, e ganhou o Grande Prémio Literário da África Negra em 1972. O autor, Henri Lopes, oriundo de Kinshasa no Zaire reflecte sobre África do período pós-colonial, denunciando e desfererindo ataques criticos aos governantes conhecidos pelo despotismo, pela corrupção e pela incapacidade inata de governar. Ainda só li quatro contos, mas foi o suficiente para me apaixonar por esta leitura.

quinta-feira, 1 de março de 2007

Banda sonora para um dia cinzento, dia de aniversário

Imogen Heap - Hide and Seek



Para me ajudar a terminar este dia tingido em tons agrestes dedico esta música a mim próprio, acho que mereço uma coisa boa neste dia.

Enfim, é esta a música que me tem ajudado durante o dia de hoje.
Vida de cão, ora pois, a minha



A esta hora o meu outro canito, o Becas deve estar a gozar o sol por terras algarvias. E eu, feito cão. Um mudou de casa, arranjou um novo dono, um novo lar, o outro, está foragido algures em território russo, o ingrato!
As viagens do Yuri



O cão malvado, anteriormente conhecido como Penico continua a fazer das suas. Conforme noticiado no jornal Correio da Manhã, o pequeno cão (transfigurado em gordo e estúpido) foi visto em Esposende e em Santarém, surgindo suspeitas da sua estadia em Algés na companhia de duas prostitutas baratas. Tudo isto antes de embarcar clandestinamente numa pequena embarcação pesqueira, cheia de homens rudes que seguia em direcção ao Canadá. Já no Alasca, com o auxilio precioso de uma comunidade de esquimós deambulou até chegar a território russo. E é aqui que termina o seu rasto.

Agradeço a quem me fornecer informações sobre o seu paradeiro, de modo a que possa trocar com ele, de forma a que possa deixar de ser cão, voltando a ser o gordo estúpido a que já estão habituados.
A lengalenga do 1 de Março



Meu piolhinho, meu piolhaço, hoje é dia 1 de Março. Em Março, tanto durmo como faço

Historicamente, 1 de março era considerado o início do ano Romano; Os nomes latinos numéricos de alguns meses do ano reflectem isso. (setembro = sétimo, outubro = oitavo, novembro = nono, dezembro = décimo). (ver Ano-Novo).

Curiosidade: Se começares o ano em 1 de março, então cada data terá o mesmo número do dia nesse ano, não importa se é um ano bissexto ou não (por exemplo, 25 de Dezembro será sempre o dia 300). Além disso os meses seguem um ciclo regular de 153 dias, até o final de Fevereiro.

Raios partam os Romanos, sempre que o tema vem á baila levo na cabeça!