quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Amanhã será apenas mais um dia



Conforme a contagem decresce para o meu aniversário, mais apático me sinto. No infinito, os meus dilemas fechados, encarcerados sem permissão, ausentes em lágrimas de incertezas distantes. Separadas de tudo o que aconteceu, o mundo desaba, mas tudo bem. Noites em branco, nada importa, mesmo quando me dizes o contrário. Para mim o tempo vai, mas lentamente, sem companhia, sem história, vazio. Procuro sem entender, encontro sem querer, em passos largos, tentando passar o tempo inválido, insuperável, amargurado. A esperança do futuro que já passou, que me deixou agarrado ao que quero fazer, e ao que não fiz, esperando dias melhores, dando passos errados nos dias em que me remeto ao silêncio. Não conto a ninguém, apenas aceno, a ver os seus olhos, sorrindo, esquecendo o tempo.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Lancelote, o Cavaleiro da Carroça



É este romance de Chretien de Troyes que me ajuda a passar estas noites de insónias. O Lancelote é um cavaleiro, de origem incerta que se faz transportar numa carroça, esse meio de transporte foi-lhe oferecido por um anão. Lancelote abate-se contra a corte do rei Artur de modo a salvar a rainha Guenievre, que havia sido raptada por um príncipe malvado. Ao falhar esse objectivo fica cativo numa torre, de onde é resgatado por uma fada...

Mestre dos mais célebres romances arturianos, Chretien de Troyes escreveu esta obra em 1165.
Estou tramado, volta ó cão, quero trocar



Eis que recebo um postal canino, enviado do Alasca. Já suspeitava, do Alasca irá até á Rússia, onde certamente se alistará no Partido Comunista, conforme ele havia profetizado. Sinto que o perdi, e que além disso, ficarei para sempre cão, e ele, como gordo estúpido.

E por falar em estupidez minha (deste caso, dele) seguiu viagem pelo caminho mais longo.

Yuri, volta para casa!
Eu, feito cão, mas sem patas



Este é o primeiro post que publico enquanto cão. Desde já afirmo que não é assim tão mau. A casota é um bocado escura e sinistra, na qual perco totalmente a privacidade, mas comida vem sempre a horas, o que compensa. Além do mais deixaram-me levar o portátil para a casota, posso assim farejar a net, e procurar coisas de cão, largando pêlo on-line. Aguardem notícias caninas. Se entretanto encontrarem o Yuri, peçam-lhe para voltar para casa!
Troca, mão por pata



Uma longa conversa, entre mim e o meu cão. Ele pediu para trocar de lugar comigo. Assim sendo, eu me tornaria em cão, e ele num gordo estúpido. Disse ele, abanando o rabo – não me importo, estúpido já eu sou, e gordo, para lá caminho. Selamos então um pacto homem cão, mão na pata, pata na mão. O seu comportamento sempre foi antagónico ao dos seus semelhantes caninos, desde cedo desenvolveu um desejo, curiosamente idêntico ao meu, que é o de conquistar o mundo. E é aqui que o aluno cão supera o mestre humano, o que eu não consegui durante toda a minha vida, ele elaborou em poucos meses; um plano megalómano, infalível e inviolável para nos governar a todos. Além de ter alterado o seu nome, de Penico, para Yuri Nicovsky.

Então, hoje sou cão, e ele, um gordo estúpido, veremos então quem levará a melhor.
Sinto-me a estrebuchar



Passo rápido, viajo
Vejo-os, eles tocam-se
no fim de tudo
no cinzento das asas sombrias
e ele voa, suave
danço ao som desta música
sentindo um arrepio
sempre que a ouço
sinto um arrepio
estranhamente sou arrebatado
no silêncio que se impõe
mirando-os, ao longe
abraçados
a ouvir esta mesma música
vejo-os, revejo-me
hoje é um bom dia para terminar tudo
a dor caminha comigo
lado a lado
e no entanto, chove lá fora
Só para relembrar...



Este idiota é uma besta, um palhaço e provoca-me náuseas. Bem sei que ao insultar este nojento que não tornarei este mundo melhor, mas este gesto faz-me sentir bem comigo próprio, o que acaba por influenciar o que me rodeia, o meu mundo, e isso, meus caros, é o bastante.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Eis-me de novo desaparecido...



Fui raptado e mantido em cativeiro ás ordens do meu cão, recém militante comunista, tendo alterado o seu nome para Yuri Nicolovsky. Deixo-vos então com os surpreendentes Hurra Torpedo, numa arrepiante versão da já de si arrepiante A Total Eclipse of the Heart, da só por si arrepiante Bonnie Tyler.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

O meu aborto e eu



Que bom, agora que o referendo ditou o Sim, não mais terei vergonha em exibir o meu aborto! Ironicamente foi um movimento pelo Não que mo ofereceu, coisa que em nada me afectou. É ver-nos juntos a espiar o blog do Pacheco Pereira, espreitando a Sic Notícias e a 2: que exibe um documentário dedicado ao atum, bem mais importante do que qualquer debate sobre a vida humana...

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Que bom, tenho um aborto de estimação!



Não me quero envolver na batalha sangrenta entre o Sim e o Não, só que o Sim e o Não estão sempre no meu caminho. Na televisão vejo senhores de bigode a entoar cantigas a favor e contra, coisa que me agrada. Fascina-me também ver partidos políticos envolvidos nestas coisas. Homens contra pessoas, crianças exibindo faixas coloridas ladeadas por padres e mulheres que já abortaram. Médicos e juízes, trolhas e advogados...

E não é que me ofereceram um aborto! Que giro que ele é! Traz um DVD e um manual de instruções. Tirei uma foto e tudo, só me falta atribuir um nome ao petiz...