segunda-feira, 13 de março de 2006

Tarde de Domingo, estranho modo de sentir o dia



Fazia muito tempo que eu não sentia o sabor do vento e a textura do sol. Pela primeira vez, talvez na minha vida, senti-me completamente livre. A caminho de Guimarães, a passo de caracol. A conduzir como se não tivesse rumo, os vidros abertos, ouço a rádio, passava a música Such Great Heights dos Iron & Wine, acompanhada de inúmeros sonhos e ilusões e eu, contemplava profundamente respirando aquele ar quente que me despenteava e deixava o braço a ondular com o vento. Tão distante do fim, a despertar para a vida, com os olhos bem abertos. Absorvendo os raios de sol, com um ar nostálgico e melancólico. Pensativo e compenetrado em pensamentos divagantes. A boca seca e os olhos húmidos, pulsação agitada... Os olhos a fixar o horizonte, cabeça no ar, a imensidão da estrada. Estrada que me levaria a qualquer lugar... Uma leveza estranha no meu coração, um sorriso parvo nos meus lábios, sorriso de felicidade triste. Ao meu encontro, respirando todo aquele silêncio, tudo à minha volta deixara de existir, era só eu. Uma inquietação por voltar a encontrar o silêncio pacificador.

Tarde de Domingo, a lançar palavras ao vento. Verificando que um percurso de vinte minutos durara uma eternidade momentânea. A gritar para dentro, um grito inaudível, palavras que não saíam. Tinha saudades disto... Saudades de quem eu era...