quarta-feira, 10 de maio de 2006

Viver como eu quisesse



No domingo o dia seria meu
Só meu, unicamente meu
Iria usar o sábado à minha vontade
Ou seria o domingo
Não me importa mais
Ou outro qualquer
Acordo, durmo, acordo
Apático, desconfortável
Pensativo, cansado
Aborrecido…
Não consigo ouvir mais ninguém
Quero ficar só, fechado
Sem saber do tempo e das horas
Dormir sobre os problemas
Sem pressa de acordar
Dormir, acordar, dormir…
Não lhes consigo ver o fim
No grande quadro da minha vida
Pintada de fresco, esborratada
Cheia e mesmo assim incompleta
Repleta de estupidez e empatia
Durmo, acordo, durmo…
Acordo, dou uma caminhada
Passeio uns trinta minutos
Tomo café, acendo o cigarro
Vejo as notícias, o mundo
O meu corpo grita, vou-me embora
Deito-me
Sinto-me ainda mais vazio
Bebo uns copos, muitos copos
Embora não tendo a certeza
Da razão pela qual bebo
Estou contente por cá estar
Saio de novo, ando, passeio
Apático, calado, perdido
Encontro o significado
Encontro as palavras
Mas não o seu sentido
Novamente
Muitos planos
Medo do tempo que há-de vir
É indiferente
Muito estará por vir
No passado…
Que já lá foi:

Ia para um sítio
Onde eu poderia
Viver como eu quisesse
Viver como se eu quisesse