terça-feira, 16 de maio de 2006

Os cinco sentidos... sem sentido



Estavam todos confusos. Todos sentiam o mesmo. Cada um para seu lado. Cada um com a sua grande particularidade. Nem sabiam o que os outros eram. Ao todo eram cinco, cada um mais estranho do que os outros. Uma boca, uma mão, uma orelha, um nariz e um grande olho.

Os cinco sentidos estavam ali personalizados, andavam, gesticulavam e mais incrível ainda: falavam! Sem sentido.

Os cinco completavam-se, eles sabiam disso. O que não sabiam era que eram obrigados a trabalhar em conjunto. O que lhes faltava era o espirito de equipa. Como seria possível eles agirem em separado? Falar sem ouvir? Cheirar sem ver? Olhar sem sentir? Ouvir sem ver?

É obvio que isso seria possível, bem sei que caio em contradição, mas convenhamos que não faria sentido. Cada um por, só por si é maravilhoso e cumpre uma função básica e primordial, só que em conjunto tornam-se em algo perfeito. Algo único e peculiar. A perfeição!

Em todos eles era comum um sentimento, todos sentiam falta do amor, da segurança que sentiam na ausência dos outros que o completavam. Estavam todos alheios ao que os rodeava, estavam todos fechados num mundo próprio. Na sua realidade. A angústia ligava os cinco, o problema que cada um encontrava dizia respeito aos outros quatro. Mas lá foram, se separaram tendo em comum a solidão, e a falta de amor.