sexta-feira, 13 de outubro de 2006

O regresso do General Atum



O maldito atum mordeu-me, apegou-se a mim e abocanhou, deixando marcas no meu braço à medida que o sangue jorrava, o sangue vermelho a escorrer, o seu cheiro, o seu aroma, aquela dor…A luz do sol penetra nas ondas (é de lembrar que me encontro em alto mar, debaixo de água, prisioneiro do General Atum). Pelos orifícios do canto do meu olho reluzente, vejo o ódio estampado na cara do horrível peixe elevado a General maléfico, e o seu cheiro a… como não poderia deixar de ser era a peixe. A morte esperava-me de braços abertos de felicitação, mas eu não queria desistir de viver, não que a minha vida valha algo, só não me sentia bem ali debaixo de água, por certo que não se trata de uma maneira digna de morrer, prefiro algo mais dignificante como ser pendurado com a cabeça para baixo e ter alguém a soprar nos meus ouvidos um assobio abafado e a fazer blurg, blurg com a língua, e depois o silêncio. E eu ali, pendurado. Mas não, a verdade é que me encontrava debaixo de água, sem poder respirar (o que é incrível, pois faz hoje uma semana e dois dias). Talvez, o exército de atuns saiba a localização exacta de onde eu me encontro, porque eu, desorientado como sou e ainda por cima encontrando-me rodeado de água da cabeça aos pés e ferido com alguma gravidade no antebraço, sem ver nada, sem conseguir definir nada através dos orifícios da água salgada, sucumbia à agressões verbais do General Atum, e as suas escamas bexigosas que me tocam nas peles.

Continua….