terça-feira, 6 de junho de 2006

O dia do fim... adeus vida cruel...



Hoje acordei?

Hoje acordei? Esperem lá! Não era suposto um gajo não acordar?

Ontem, antes de me deitar, de começar a imaginar as coisas que podia ter feito, os sonhos que não realizei, as maravilhas que não vi, os amores que perdi. Enfim, essas tretas que um gajo faz quando descobre que tem menos de vinte e quatro horas de vida.

Na TVI vi que o mundo ia acabar hoje, entrei em pânico! Como seria possível? Tantos planos que eu tinha! Para não falar na marcação no dentista às quatro da tarde! Ligaria a desmarcar? A minha mente estava confusa e apenas se concentrava numa coisa, a comida! Tinha de preparar um lanche, caso acontecesse o pior.

Fui a correr para a cozinha, peguei em pão, maionese, atum, alface e tomate e preparei umas belas sandes. Acontecesse o que acontecesse, fome era coisa que eu não teria!

Não consegui adormecer, pudera, já sabia que não iria acordar. Isso é coisa para tirar o sono a qualquer um. Optei por fazer directa, dormir seria uma parvoíce. Passados cinco minutos adormeci…



Quando acordei, achei-me bem comigo mesmo e com tudo o que me rodeava! O fim do mundo não tinha sido nada de especial. Foi uma festa, como o mundo tinha terminado nesta bela e solarenga manhã, achei por bem não tomar banho. Agora que era livre poderia muito bem renunciar à minha higiene pessoal, como sempre sonhara. Abri o frigorífico, olhei pela janela, liguei a televisão, e tudo me parecia normal! Tirando o facto de não existir vivalma na minha casa. Apenas vislumbrei o padeiro que ao longe escapava ao alcance da minha visão.

Pensei para comigo: que borga! Estou sozinho neste mundo! Agora sim, sou o senhor do mundo, o ser supremo! Desatei a andar nu pela casa, a ouvir música nas alturas e a gritar a plenos pulmões: Eu é que sou o presidente da Junta do Mundo! O padeiro será o meu cozinheiro oficial!

O que se sucedeu foi muito estranho e sobretudo embaraçoso. Descobri da pior maneira que o mundo não tinha terminado, eu é que me tinha levantado a meio da noite. Acabei por acordar a casa inteira, os vizinhos e os cães, que desataram a ladrar desalmadamente.

Para mim, sem dúvida, isso foi o fim do mundo…