segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Desta vez não andei de tractor...



O tempo estava maroto e ameaçava pregar partidas. Pelas sete e meia da matina toca a acordar, a chuva fustigava o exterior da casa. Relutante em sair da cama ouvia o som típico das gotas de chuva contra o telhado. Um som abafado e ensurdecedor que apenas dá vontade de continuar na cama, enroscado, quentinho e confortável. Mas como um homem tem de fazer o que um homem tem de fazer, levantei-me. Meti um pouco de pão no bucho e preparei um café bem forte. A chuva parou, sinal claro de que teria de meter mãos à obra. Juntei-me ao grupo que iria atacar as vinhas. Vindimar os cachos brilhantes e húmidos. O sol aparecia e desaparecia. Ameaçava chover, mas não chovia. As cestas iam ficando cheias, as mãos calejadas, as pernas cambaleantes. Assim é a vida no campo. Dura e gratificante. Embora não esteja minimamente habituado às lides da lavoura, tiro prazer destes rituais. É claro que durante esses rituais apresento um mal humor e um enorme desconforto, aquilo custa bastante. O esforço físico não é nada modesto. A verdade é que estas actividades enriquecem e são gratificantes.

Ao fim da manhã o S. Pedro fez das suas. Um tromba de água surgiu, vinda dos céus, acompanhada de trovoada. Raios toavam no cinzento escuro em que se havia tornado o firmamento. Paragem obrigatória, proteger da chuva era a palavra de ordem. Por fim a chuva cessou. A satisfação tomou lugar. Foi arregaçar as mangas e atacar as uvas.

A noite dava já uma espreitadela quando se terminou a colheita, o cansaço e a dormência dos membros exigiram descanso... Até para o ano...