quinta-feira, 13 de setembro de 2007

A toalha de papel



Uma toalha de papel, banhada pela embriaguez
Malga cheia, nunca desabitada, sempre a gotejar
Num ponto que me é habitual, um espaço vazio, só meu
Tragar uns copos, exaltar e terminar num pranto
Escolher o meu momento e regá-lo na malga
Desprender a vontade e ali ficar, parado
Retraído no degredo, mesa de pedra a segurar as orelhas
Do meu olho grela uma lágrima, pareço uma batata
Corto-me ao meio, saco o miolo, fico contente
Deixo-me cair, afago o bigode pendurado no chão
Amargo, invadido por uma comichão, mais um trago
Sorriso curvo estatelado nas beiças rosadas pelo vinho
Apenas uma pedra a servir de mesa, agarrando-me
Como o violeta insolente da malga afogada em incerteza
Abdico do padecimento tolo de que sofro, ou não!
O gregoriar, murmúrio que vem da garganta
Espalhando-se na mesa, no tecto, no chão
E por fim, na toalha de papel, sempre a toalha de papel...