segunda-feira, 5 de maio de 2008

O regresso do ninja



Depois veio o ninja, e na presença de um possante caule de melancia vacilou, recuando meia dúzia de passos, refugiando-se na distância que o separava do vaso.

O que faz um ninja malvado à porta da minha casa? Que quererá ele? Terá sido contratado? Virá em causa própria? Tenho mesmo de resguardar o meu precioso vaso!

Um vaso verdejante, carregando ervas daninhas que vão chupando a água, roubando-a à minha amada melancia. Planta trôpega, necessitada de carinho. Sedenta de uma atenção que não lhe posso dar em virtude da sua própria segurança face aos horrores que os meus inimigos lhe querem infligir. Nunca uma pobre melancia havia sido alvo de tanto ódio e ganância. Planta que não cresce. Planta que não morre, planta que ali paira, inerte, ligeiramente inclinada, de caule torto, pescoço dobrado, folhas mastigadas pelos bichos que lá as vão trincando.

Escondo o vaso debaixo da janela, longe do alcance do ninja e dos mal intencionados bichos, mas sem grande sucesso, pois os bandidos logo mo descobrem. Levo-o para dentro de casa. Talvez seja a atitude mais imprudente. Uma vez no interior, no conforto proporcionado pela minha casa surge um ser (que por acaso) vive comigo, sendo esse uma criatura bem capaz te combater o meu pé de melancia, que comparado com o meu, cheira bastante menos mal. O ser que compartilha os meus aposentos? O arqui-inimigo da minha melancia, não sabendo eu se por ciúmes ou por pura ruindade.

O seu pé no pé da melancia.