quarta-feira, 11 de abril de 2007

Páscoa na Mouraria

Este imbróglio teve origem no reino famalicense, um bastião nortenho, ainda me mantinha acordado, apesar do medo que me fazia encerrar os olhos entre os sussurros incessantes, uns suspiros horrendos vindos de locais cuja explicação não encontra a razão. O gemido continuava, e eu gritava, pois ao longe vislumbrava um exército de coelhos, um sem número de indivíduos roedores. Então acordei! Meus amigos, foi com este parvo sonho que segui para a capital do degredo, Lisboa.



Na agitação mourisca, a Mogambília estava apreensiva, o seu lábio inferior tremia pela primeira vez naquele dia, o medo do frente a frente comigo denunciou o nervoso miudinho. Lisboa é o caos, outra coisa não seria de se esperar senão medo, pois caos é o meu nome do meio, eu e Lisboa, degredo no seu expoente máximo, Lisboa em altura, eu em largura. Para que entendam melhor o medo da Mogambília, imaginem a besta (eu) perdido naquela cidade, um pequeno erro meu poderia deitar tudo a perder, e quando digo tudo, quero mesmo dizer: tudo!



Vigia constante, pois os inimigos eram muitos e variados, uma cidade grande exige muita atenção. As pombas pairavam no ar, um deslize meu e seria a morte do artista. Como o local era constituído por muita agitação, a Mogambília ficou de vigia, na principal porta de uma qualquer loja do chinês... e eu em busca de compreender aquela gente, ganhando prática assistindo e a assistir mais uma vez e a vigiar, num olhar atento e desesperado.



Pois foi, lembro-me muito bem que os sintomas que ela apresentava indicavam a morte por asfixia com uma azeitona. Dizia eu que seria a melhor técnica. Vá-se lá entender. Um segundo olhar deu-me a entender que a sua morte talvez se devesse a um ataque de caspa, ou até mesmo a uma longa exposição a raios solares.

Mas não, ela nem sequer estava morta, mas por certo que estava em agonia, que o diga quem me atura, e ela, não é excepção. O seu sistema nervoso entrou em colapso...



Apenas mais um dia, como outro qualquer, apenas mais um na cidade grande. O dia encontra o seu fim, a escuridão aparece vinda do nada. A única diferença é que neste dia estava feliz, e o dia seguinte estava lá, esquecido, deitado no chão. O dia seguinte não me trazia-me novidades, nem de longe, nem de perto, nem muito, nem pouco, nem nada, nem gerne, um sem número de respostas sem resposta, pois o dia seguinte ainda não tinha vindo.