
É algo como morrer
É caminhar sem ver
Como cantar sem ouvir
É falar sem respirar
É comer sem digerir
Pés Descalços
Pertences a uma raça antiga
De pés descalços
E de sonhos brancos
Foste poeira e à poeira voltarás
O ferro exposto ao calor é brando
Mordeste a maçã
E renunciaste ao paraíso
E condenaste a tal serpente
Isso foi o que tu quisestes
Por milénios e milénios
Vem a correr pelo mundo
A enfrentar dinossauros
Sem um tecto e sem escudo
E agora estás aqui
A quereres ser feliz
A chorar como um menino
O teu destino
Construíste um mundo exacto
Acabado e perfeito
Cada coisa calculada
No espaço e no tempo
Eu que sou um caos completo
Uma entrada uma saída
Uma regra e uma medida
São conceitos que não entendo
E agora estás aqui
A quereres ser feliz
A chorar como um menino
O teu destino
Saudar o vizinho
Acordar a qualquer hora
Trabalhar cada dia
Para viver a vida
Contestar mais aquilo
E sentir menos isto
E que Deus nos ampare
Desses maus pensamentos
Cumprir com as tarefas
Frequentar o colégio
Que diria a família
Se fosses um fracassado?
Calça sempre sapatos
Sem barulho na mesa
Só com meias palavras e
Gravata nas festas